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As cidades de Johann Sebastian Bach - parte 2: Turíngia

 Esta é mais uma postagem do blog Família que Viaja Unida...Se você caiu aqui de paraquedas, eu explico: este blog procura ser um registro dos lugares que visitamos em família e também algumas impressões do que vivenciamos ao longo de nossas aventuras. Talvez você encontre alguma informação útil por aqui também...

Boa viagem literária!

Bárbara.

Bach, Goethe e Lutero...

Na segunda viagem para a Europa que fizemos em família, em 2020, tivemos que decidir qual o trajeto que faríamos entre Leipzig e Heidelberg. Uma das opções seria via Nuremberg, indo mais para o sudeste da Alemanha, pela Bavária. Um outro caminho passava por Weimar, Erfurt e Eisenach, no estado alemão da Turíngia, região central da Alemanha. Ao olhar no mapa essas possibilidades, imediatamente me lembrei de uma biografia que li, sobre Bach, que nasceu em Eisenach, e atuou em Weimar. Também me lembrei de Lutero, que, quando foi excomungado e banido, ficou refugiado em um castelo em Eisenach, o Castelo de Wartburg. Foi em um quartinho anexo ao castelo, que ele realizou a tradução do Novo Testamento para o alemão, para que todos pudessem ter acesso aos seus textos bíblicos. 

Além de Bach e Lutero, também o grande escritor Goethe viveu na Turíngia. Por tudo isso, decidimos seguir viagem através dessa região. Visitaríamos Weimar e Erfurt em um dia, e pernoitaríamos em Eisenach, para explorá-la melhor no dia seguinte. E depois, tocaríamos para Heidelberg, onde havíamos nos inscrito em um curso intensivo de alemão. Seria bem corrido, mas...Valeria cada segundo.

Weimar e o Parque do Ilm

Em Weimar, Bach viveu entre 1708 e 1717, com sua esposa Maria Bárbara, e onde teve seus primeiros filhos, dois dos quais também se tornariam grandes músicos: Wilhelm  Friedemann Bach e Carl Philipp Emanuel Bach. Trabalho na corte para o Príncipe Wilhelm Ernst, e suas principais obras neste período foram as peças para órgão, uma vez que o Príncipe tinha um órgão em sua capela. 

Assim que chegamos ao centro de Weimar, nos deparamos com lindas construções, incluindo a Hochschule für Musik Franz List e a Biblioteca Ana Amália, famosa amante de Goethe. 
Praça da Democracia. Ao fundo, a Hochschule für Musik Franz List.


Praça da Democracia.


E havia o parque...Que belo parque! O Parque sobre o Rio Ilm foi uma das caminhadas mais relaxantes da viagem que fizemos. Ficamos imaginando Goethe escrevendo, declamando e encantando suas amadas... Pudemos, inclusive, visitar os jardins de uma das casas onde ele viveu, nas imedicações do parque.

Percorrendo as trilhas que Goethe fazia...




Clima bucólico do parque,,,Cisne e marrequinhos.


Bem próximo dali, também fica a universidade Bauhaus, uma escola na área da arquitetura e design que marcou época na Alemanha e no mundo. 


Segundo minha amiga arquiteta, Bárbara Schiemann: 

Bauhaus traduzido literalmente significa casa da construção. Era uma escola de design e arquitetura com um método de ensino único que resultava em produtos com a estética que erroneamente é conhecida como "estilo bauhaus". Digo erroneamente porque o produto era resultado da forma de concebê-lo. O objetivo era criar edifícios em que a arte estivesse incorporada através do design. O método de criação de produto era baseado no dominio das propriedades dos materiais e otimização de processos produtivos, reduzindo custos de produção com foco na produção industrial. Fazer o ótimo com o mínimo de custos e materiais acabava por resultar em design minimalista em que cada elemento tinha sua função centrada nas necessidades das atividades humanas, e o que não tem função não tinha motivo de ser. Os exemplos estão na própria escola Bauhaus, onde tudo começou, e em tantos exemplos de arquitetura moderna arte e artificios, daquela época até os dias de hoje, espalhados pelo mundo. Aqui no Brail estão no plano piloto de Brasília (Lúcio Costa) e nas obras dos maiores nomes da arquitetura moderna brasileira.

  Nos arredores do parque encontramos um busto de Johann Sebastian Bach. 




Comemos um lanche rápido (e delicioso), comprado em uma Bäkerei (padaria) nos arredores de uma  praça encantadora, a Markplatz, pois ainda tinhamos que passear por Erfurt e depois chegar em Eisenach (cidade natal de Bach) para o pernoite. E no inverno, as 16h já fica escuro...

Marktplatz, com suas charretes e charmosa arquitetura.

Outro ângulo da Marktplatz

Erfurt

Ah, Erfurt. Que clima gostoso tem essa cidade! Estacionamos um pouco longe e caminhamos em busca da famosa Catedral, que fica no topo de morro em frente ao famoso "Fishmarkt" ("mercado de pescados"). Atravessamos uma ponte, fomos admirando as casas e prédios, e encontramos uma igreja luterana no caminho. Quando chegamos na Fischmarkt, os bondes cruzavam a rua logo em frente. Uma cidade com muito movimento de pessoas, alegre e agitada.


Vista externa da Catedral de Erfurt


Subimos a escadaria e conhecemos o interior da Catedral (Mariendom) e de outra igreja anexa à ela, a igreja de São Severo (Severikirche).


Interior da Catedral de Erfurt

Eisenach

Eisenach, a terra natal de Bach, foi nossa pousada mais gostosa ao longo de toda viagem. Lamentamos ter passado apenas uma noite nesse lugar, pois a casa era excelente. Após ter explorado Weimar e Erfurt, estávamos com as pernas bem cansadas...Nos deliciamos com um jantar e um belo vinho...E depois, descansar.





Foi muito bom e necessário descansar, pois no dia seguinte, praticamente atrás da casa onde estávamos, iniciava a trilha com um bela subida, que nos levaria até o Castelo de Wartburg, com belas histórias...


Uma bela subida até o Castelo de Wartburg

Chegando...





Local onde Lutero ficou escondido entre 1521 e 1522,
 após ter sido considerado herege no Concílio de Worms


Fim da aventura pela Turíngia! Super contentes!

Então, estas são três cidades que valem muito a pena visitar. Fizemos apenas passagens rápidas por elas, mas ficamos realmente encantados com tudo o que vimos e vivenciamos. 


Algumas reflexões após 1 ano e 9 meses de pandemia de Covid-19

Sabemos que todos os lugares tem aspectos positivos e negativos. Talvez o mais positivo, na Alemanha, seja a baixa criminalidade, o respeito às leis e a oportunidade de trabalho para quem tem mais formação. A desvantagem, é, talvez, que alemão não é caloroso como o brasileiro, num primeiro momento... Regras, são muito fortes, essa história do jeitinho, não tem lá, não... Tem os movimentos neonazistas, extrema direita e os Querdenkers, que, para piorar, são negacionistas e antivacinas... Todos assustadores e vigiados de perto pelas autoridades, quando se expoem. Também tem corrupção na Alemanha, isso existe em quase todos os países, mesmo os dito civilizados e de primeiro mundo... Mas a quantidade de corruptos é bem pequena, comparando com o Brasil, que ainda não conseguiu alterar a cultura de levar vantagem, infelizmente, independente da classe social... E os honestos, como sempre, acabam pagando o pato, seja lá ou cá... Por outro lado, o brasileiro é gigante, quando se trata de solidariedade... 

Temos tentado fazer um turismo pedagógico, não predatório, que busca compreender a história, a cultura, as soluções e encaminhamentos que cada governo ou sociedade civil oferecem, e perceber o que deu certo e o que deu errado em cada lugar por onde passamos. Sem deslumbramento, simples assim, mas com muita admiração e respeito pelo que vale a pena ser admirado e respeitado. Ainda queremos viajar para outros lugares, como o continente africano, por exemplo, ou aprofundar mais nosso conhecimento sobre a América do Sul. Através do conhecimento, propor ações que envolvam mais justiça social, preservação do meio ambiente e um futuro melhor para nossos filhos e netos.

A seguir, alguns flashes do último ano...Um ano muito, muito desafiador aqui no Brasil, contra o negacionismo científico, o genocídio de indígenas e quilombolas, o incentivo aos incendios e ao desmatamento da Amazônia, o relaxamento das leis ambientais, o descaso com a vida das pessoas, ao retardartar a vacinação...Entre tantos outros desafios, como dar aulas on-line e não pirar com as notícias de mortes e sequelas por conta da covid-19...

Segunda dose da vacina contra a Covid-19.


Passeata Fora Bolsonaro em 29 de maio de 2021.

Passeata Fora Bolsonaro em 29 de maio de 2021.


Passeio pelas praias do sul de Santa Catarina, após o avanço da vacinação.

Manifestação em prol da ciência e pela vida de professores, alunos e demais funcionários da nossa rede municipal, no movimento que ficou conhecido pela hashtag: #essencialéavida!











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